Atualização da NR-1: o que muda para o RH com as novas regras sobre saúde mental no trabalho
- Mayla Araújo
- 12 de mai.
- 4 min de leitura
Se até pouco tempo atrás a saúde mental era vista como um “tema sensível”, hoje ela ganhou lugar nas normas que regem o ambiente de trabalho. E isso muda tudo.
A nova atualização da NR-1 (Norma Regulamentadora nº 1), que entra em vigor este mês, traz um avanço importante: a inclusão dos riscos psicossociais entre os fatores que devem ser gerenciados pelas empresas.
Estamos falando de estresse crônico, assédio moral, sobrecarga, insegurança emocional... Ou seja, tudo aquilo que pode adoecer mentalmente os colaboradores — mas que até então não era tratado com o mesmo peso dos riscos físicos e químicos.
E o que isso significa, na prática, para o RH? A seguir, a gente te explica, com clareza, sem juridiquês e com foco em ações práticas. Confira!
O que é a NR-1 e por que ela foi atualizada?
A NR-1 é a norma que estabelece as diretrizes gerais sobre saúde e segurança no trabalho no Brasil. Ela serve como base para todas as outras NRs e define obrigações como treinamentos, registros e programas preventivos.
A versão atualizada, publicada em 2024, chega com um novo olhar: agora, as empresas são obrigadas a mapear, avaliar e controlar riscos psicossociais como parte do seu Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). E isso muda a forma como a cultura de bem-estar é tratada dentro das organizações.
Afinal, o que são riscos psicossociais?
Vamos simplificar: riscos psicossociais são todos aqueles fatores organizacionais e ambientais que podem gerar sofrimento mental nos colaboradores.
Alguns exemplos:
● Pressão excessiva por resultados;
● Jornadas exaustivas ou falta de pausas;
● Clima tóxico e comunicação ineficiente;
● Assédio moral, sexual ou discriminação;
● Falta de clareza sobre metas, papéis e responsabilidades.
E não é só questão de bem-estar; trata-se de uma estratégia de negócio. Esses riscos impactam diretamente a produtividade, o absenteísmo, o número de afastamentos por doenças emocionais (como burnout e depressão) e até a retenção de talentos.
Segundo uma pesquisa do InfoJobs, 86% dos profissionais brasileiros já pensaram em trocar de emprego por motivos ligados à saúde mental.
O que muda para o RH com essa atualização?
Se o PGR já era obrigatório, agora ele precisa incluir um olhar atento à saúde mental dos colaboradores.
A partir de maio de 2025, a atuação do RH precisa contemplar:
● Levantamento de fatores que geram estresse e insegurança emocional;
● Ações de prevenção e resposta a casos de assédio e sobrecarga;
● Treinamentos para lideranças e equipes sobre saúde mental;
● Canais de escuta e apoio psicológico;
● Registros e documentação disponíveis para fiscalização.
Ou seja, não se trata mais de um item opcional, mas sim uma norma. E quem lidera esse movimento dentro da empresa, claro, é o time de RH.
Como colocar a nova NR-1 em prática
Pode parecer complexo no início, mas implementar a gestão de riscos psicossociais no dia a dia da empresa é mais viável do que parece — especialmente quando o RH atua com protagonismo e planejamento. A seguir, entenda como estruturar a aplicação da NR-1.
1. Faça um diagnóstico do ambiente atual
Antes de propor soluções, é preciso entender o ponto de partida. Comece mapeando o clima organizacional e os principais fatores de estresse no ambiente de trabalho.
Entrevistas, feedbacks e escutas estruturadas são ferramentas valiosas para identificar os pontos de tensão, sejam eles ligados à sobrecarga, ao estilo de liderança, à forma de comunicação ou até à estrutura física do espaço.
Esse levantamento serve como base para todo o plano de ação. E o melhor: quando bem conduzido, também mostra que a empresa está aberta ao diálogo e comprometida em melhorar.
2. Traga as lideranças para o jogo
De nada adianta criar políticas bonitas no papel se as lideranças não estiverem preparadas para aplicá-las no dia a dia. Por isso, o segundo passo é conscientizar — e capacitar — os gestores.
Ofereça treinamentos e rodas de conversa sobre saúde mental, riscos psicossociais e boas práticas de gestão de pessoas. Ajude os líderes a reconhecerem sinais de exaustão emocional, conflitos interpessoais, desmotivação e outros sintomas que muitas vezes passam despercebidos.
3. Revise políticas e práticas internas
Alguns riscos psicossociais não vêm de comportamentos individuais, mas sim de políticas mal desenhadas. Por isso, aproveite a atualização da NR-1 como oportunidade para revisar processos internos:
● Como estão as metas e entregas? São realistas ou constantemente inalcançáveis?
● Há estímulo à colaboração ou o ambiente favorece a competitividade tóxica?
● As pausas são respeitadas? Os horários fora do expediente são evitados?
Além disso, vale rever códigos de conduta, canais de denúncia, plano de cargos e salários, avaliações de desempenho e práticas de feedback. O objetivo é garantir que o modelo de gestão esteja coerente com uma cultura organizacional mais humana.
4. Acompanhe os resultados e ajuste o percurso
Como toda boa estratégia, a gestão de riscos psicossociais precisa ser acompanhada e ajustada ao longo do tempo. Isso pode ser feito por meio de indicadores, como os índices de absenteísmo, rotatividade, NPS interno, engajamento em pesquisas e número de atendimentos aos canais de apoio.
Além disso, mantenha a escuta ativa com o time: o que está funcionando? O que pode melhorar? Que outras demandas surgiram? Essa postura aberta e responsiva fortalece o vínculo entre empresa e colaborador — e ajuda a consolidar um ambiente mais seguro, saudável e produtivo.
Conclusão
A atualização da NR-1 não é só uma mudança burocrática, mas uma oportunidade para repensar o ambiente de trabalho e colocar a saúde mental como prioridade estratégica.
E o RH tem tudo para liderar essa transformação: com escuta ativa, ações bem direcionadas e o suporte da tecnologia, é possível transformar exigência legal em avanço real para a cultura da empresa.
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